Ambiente e cultura em Urok
Fazendo a ponte entre a tradição e a modernidade
A riqueza natural e cultural das ilhas Urok repousa sobre modos de vida em simbiose com a Natureza e exercendo uma fraca pressão sobre os recursos. A ruptura do isolamento e o acesso à modernidade tendem a comprometer este frágil equilíbrio. Novos desafios surgem, face à vinda de utilizadores externos, que impõem lógicas e formas de exploração mais predadoras e uma juventude atraída pelas luzes da cidade. O processo de criação da Área Marinha Protegida Comunitária das Ilhas Urok (AMPC Urok) visa apoiar as populações locais a fazerem a passagem do sistema de gestão tradicional bijagó, para novas formas de governação que possam responder às problemáticas e desafios da modernidade, bem como às suas legítimas aspirações ao desenvolvimento.
A dimensão cultural é pois um dos pilares que sustenta o processo de governação participativa da AMPC Urok. Segundo os residentes, a cultura é a carta de identidade das gentes de Urok, o que lhes permite cuidar bem da grande riqueza natural das suas ilhas e obter o direito legítimo de acesso prioritário ao seu espaço, mantendo a soberania sobre a sua terra, os seus recursos e a sua cultura.
Por isso, a Tiniguena e demais parceiros da AMPC investem fortemente na animação sócio-cultural e no apoio aos jovens no resgate e actualização da sua cultura. É neste sentido que foi apoiada a construção, o equipamento e funcionamento de uma Casa do Ambiente e Cultura em Abú, designada Etinen Urok; a criação e funcionamento da Rádio Comunitária das ilhas Urok baptizada “Fala de Urok”, a realização regular de Fórum Jovem, assim como várias iniciativas de carácter cultural: teatro, dança tradicional, eventos gastronómicos, carnaval Urok.
Para além de um laboratório em termos de governação participativa, a AMPC Urok é também um viveiro cultural que vão inspirar a intervenção nas AMPC no futuro, onde as comunidades locais, a camada juvenil em particular, é apoiada na incorporação das mudanças vindas do exterior e efectivação de novas sínteses culturais a partir dos processos, agendas e prioridades internas.