Desde a sua criação, a Tiniguena tem promovido uma reflexão critica sobre que tipo de parcerias e com que organizações colaborar para perseguir os seus objectivos e realizar a sua missão. A sua cultura organizacional leva-a a ser muito selectiva na escolha de parcerias, considerando essencial a partilha de visão de desenvolvimento, de valores e princípios.
A Tiniguena considera 4 categorias de parceiros:
1) Os parceiros institucionais, como a Interpares, a Oxfam-Novib e a ICCO, são aqueles que lhe têm acompanhado no seu processo de desenvolvimento organizacional, quer em termos financeiros, quer em termos de construção e actualização da sua visão, estratégia e proposta institucional.
2) Os parceiros internacionais de cooperação, como o CIDAC, a FIBA, a UICN, a ACEP, a Swissaid, o IMVF, são aqueles com quem a Tiniguena tem trabalhado em estreita colaboração na concepção e implementação de iniciativas e projectos que contribuem para influenciar os processos de mudança no país nas questões ligadas ao seu campo de acção.
3) Os parceiros nacionais são as organizações com as quais a Tiniguena trabalha, desenvolve alianças e sinergias no quadro de várias iniciativas e actividades, sobretudo nas acções de sensibilização e de plaidoyer, mas também na realização de projectos no terreno. São na maioria ONGs nacionais, como Kafo, AD, Artissal, DIVUTEC, Alternag, Cáritas Guiné-Bissau, entre outros. São também algumas instituições estatais ligadas à conservação, como o IBAP e o Gabinete da Planificação Costeira.
4) Os parceiros da base são os actores locais que trabalham com a Tiniguena na realização de projectos e iniciativas de conservação e desenvolvimento local, podendo ser ou não beneficiários directos dessas acções. A Associação Zona Verde, as Mulheres Associadas da Zona Verde, a Associação dos Moradores do Bairro Belém, o Fórum Juvenil do Bairro Belém, o Comité de Gestão Urok, o Fórum Jovem Urok, são alguns destes parceiros que se destacam nestes 20 anos da vida da Tiniguena.
Há ainda um conjunto de pessoas que têm manifestado interesse e têm colaborado com a Tiniguena prestando-lhe valiosos serviços das mais diversas formas, na sua qualidade individual. São os chamados “Amigos da Tiniguena”.
Tudo o que a Tiniguena é e tem realizado ao longo dos 20 anos de existência, deve-o, em grande parte aos seus parceiros e amigos. Por isso, eles são considerados como membros da “Família da Tiniguena”.
Ao longo da sua existência, a Tiniguena construiu laços com parceiros internacionais alicerçados em partilha de visão de desenvolvimento, valores e princípios que se revelaram determinantes para o funcionamento da organização. Trata-se das ONGs Interpares (canadiana), da Oxfam-Novib e da ICCO (holandesas), com as quais colabora desde a sua criação. Esses parceiros têm participado da programação, avaliação e definição de estratégias de desenvolvimento que a Tiniguena implementa, para além de financiarem a quase totalidade do seu funcionamento e a maior parte do seu programa, escoriando e blindando a Tiniguena há 20 anos!
No entanto, mudanças operadas no contexto externo e interno dessas organizações, em particular na arena política, justificadas pela crise económica, ditaram a decisão de retirada da Guiné-Bissau da Oxfam-Novib e da ICCO, pelo corte drástico que tiveram nos financiamentos atribuídos pelo Governo Holandês. Por isso, a Tiniguena, assim como outros parceiros nacionais, deixou de receber os apoios da ICCO a partir de Janeiro de 2011 e a cooperação com a Oxfam-Novib termina em Dezembro 2011. Apenas a Interpares tem confirmado o prosseguimento da parceria com a Tiniguena por mais 3 anos, ainda que o contexto político e económico do país de origem, o Canadá, esteja mudando num sentido que poderá vir a comprometer esta parceria.
Trata-se de uma perca enorme para a Tiniguena, que se vê obrigada a procurar soluções que não comprometam a sua filosofia e cultura organizacional, o que se revela uma equação de dificuldade extrema. Isto porque parceiros institucionais como esses três são raros neste novo contexto. Quer no que se refere ao tipo de apoios que dão, quer à forma como trabalham com suas contrapartes. As linhas e mecanismos de financiamento actualmente disponíveis são cada vez mais orientados para projectos de curta duração, exigindo resultados imediatos, quantificáveis e visíveis para os doadores, sem preocupação de fortalecimento das instituições nacionais e locais, deixando de lado a perspectiva processo, de impactos mais duráveis, mas que exigem muito mais tempo. Isto gera uma situação de contingência que pode fragilizar a organização, obrigando-a a perspectivar mudanças na sua estratégia de mobilização de recursos, com sérios riscos para a sua soberania.
Daí a necessidade da Tiniguena investir mais na construção de alianças com suas congéneres nacionais e internacionais com as quais partilha a mesma visão e valores, para a procura conjunta de outras fontes e formas de financiamento institucional, outras estratégias de auto-financiamento e de reforço mútuo, entre pares. Estratégias que previnam a tendência para a concorrência entre parceiros no acesso aos recursos, transformando-a mais numa oportunidade de trabalhar juntos para fazer frente e encontrar respostas às mesmas ameaças que podem desvirtuar estas organizações e afectar a sua capacidade de resposta e de construção de propostas com qualidade para o país.
Neste período de comemoração do seu 20º aniversário, os membros e o staff da Tiniguena deixam aqui o mais vivo agradecimento aos seus parceiros institucionais que lhe têm acompanhado nesta longa caminhada, à Interpares, à Oxfam-Novib e à ICCO. A Tiniguena tem sido privilegiada em beneficiar de um processo de acompanhamento tão consistente e inscrito na duração, como aquele que estas três organizações lhe proporcionaram nestes 20 anos, mesmo que 20 anos na vida de uma organização seja muito pouco. Mas são bastante para deixar fundações sólidas numa casa que se constrói com o tempo.